Já estava com saudades de escrever, embora mentalmente faça isso todos os dias, as vezes anoto, outras guardo na memória, mas escrevo sempre, como um vício, uma necessidade, uma paixão.
Dezembro e janeiro, prá mim meses de muito trabalho. Na próxima semana ...FÉRIAS, embora já me sinta assim neste mês apesar dos plantões na escola, prá quem acha que supervisão é moleza, não é não, pelo menos prá quem assume suas responsabilidades profissionais com vontade, com prazer pelo que faz.
Mas chega de blá, blá, blá. Se houveram coisas que me fizeram muito feliz em 2009, uma delas foi ler um texto de um menino que foi meu aluno na 2ª série em 2007, e poder confirmar o que eu já havia previsto e estimulado naquele ano. Ali estava surgindo um futuro escritor, numa época em que crianças e jovens só se aproximam da leitura e escrita via internet, eu assistia um menino de 7 anos com lápis e papel na mão, escrever o tempo todo durante minhas aulas e insistir para que eu lesse e opinasse. Sempre gostei dos seus primeiros textos, suas primeiras tentativas, seus primeiros erros, suas primeiras descobertas. São essas coisas que me estimulam a continuar e a acreditar na educação, no ensino, mas realizados com amor, com respeito ao ritmo, a vontade e aos sonhos daquelas crianças que são confiadas a nós educadores todos os dias. Nós as incentivamos, as motivamos ou matamos os seus sonhos e perspectivas com nossas ações. Estou muito feliz e sou muito feliz com o retorno que tenho recebido de todos os que foram meus alunos, seja na capacidade de escrever, de ler, de criar, de aprender, de amar de conviver, de acariciar.Todos que passaram por mim me presentearam com ânimo para continuar acreditando e amando o que faço.
Deixo aqui um texto escrito por este aluno em 2009, concluindo a 4ª série :
¨Eu tenho medo!
Quem não tem medo? Medo é uma coisa que atinge ao mundo inteiro. Eu tenho medo das pessoas que me rodeiam. As pessoas que querem me matar. Eu tenho medo do escuro? Não, eu tenho medo da violência. Eu tenho medo dos filmes de terror? Não, eu tenho medo do mundo. Eu tenho medo de bruxas? Não, eu tenho medo da morte, medo daquilo que me rodeia.
Vivemos em sociedade para quê? Temos polícia para quê? Em vez de atirar nos bandidos, atiram para qualquer lado, matando pessoas inocentes. Eu tenho medo de viver em sociedade, medo dos bandidos, medo de ser atropelado, medo do aquecimento global, da destruição, da devastação, da morte em vão.¨
(Michael, 10 anos)
Parabéns Michael! Temos sonhos em comum, nossos livros e vamos concretizá-los. Confio na tua capacidade e acima de tudo no amor pelo mundo e pela humanidade que demonstras nos teus textos. Um beijo de uma professora que se orgulha muito de ter sido tua professora!
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